A Colaboração e a Inteligência Coletiva na Inovação
Raquel Cunha, Fábio Lampreia, Jorge Neves, Catarina Madeira
Na vanguarda da inovação em saúde, o desenvolvimento de dispositivos médicos é uma área onde a colaboração e a inteligência coletiva desempenham papéis cruciais.
O setor de dispositivos médicos enfrenta atualmente o desafio de estar em conformidade com as complexas exigências regulamentares de forma a salvaguardar a segurança dos utilizadores e o desempenho esperado do dispositivo, e simultaneamente melhorar a qualidade de vida dos doentes.
É necessário que equipas multidisciplinares, incluindo investigadores (médicos, biomédicos e de dados), engenheiros, outros profissionais de saúde, designers, reguladores e doentes/utilizadores finais, colaborem e contribuam com as suas diferentes competências para desenvolver soluções inovadoras que atendam às necessidades reais dos utilizadores.
Nos últimos 5 anos temos assistido a uma enorme mudança no processo de desenvolvimento dos dispositivos médicos na Europa impulsionada fundamentalmente por dois fatores:
- a alteração da legislação, que tornou o processo de certificação mais rigoroso – o que nos trará mais segurança na utilização destes produtos;
- a necessidade crescente de utilização e exploração de dados de saúde para desenvolver dispositivos médicos com maior desempenho no diagnóstico (cada vez mais precoce), tratamento e gestão de algumas doenças.
Enquanto o segundo fator representa a maior possibilidade de potenciarmos a inovação em saúde, o segundo fator, relativo à legislação mais rigorosa (na área dos dispositivos e da proteção dos dados pessoais) acautela possíveis abusos, incidentes e falhas de segurança.
A boa notícia é que, num esforço de estimular a inovação neste domínio, e ultrapassar os constrangimentos atuais, as agências financiadoras e autoridades regulamentares nacionais e europeias têm criado várias iniciativas de colaboração com a academia, hospitais, start-ups e indústria, para que produtos inovadores de saúde possam chegar ao mercado com os níveis de segurança exigidos.
Estas iniciativas são especialmente críticas em programas de desenvolvimento de dispositivos médicos que utilizam dados de saúde e inteligência artificial para o diagnóstico e gestão de doenças, cujo desenvolvimento não é possível sem a colaboração efetiva de todos e uma mentalidade aberta à mudança.